terça-feira, 10 de março de 2009

Histórias de Guaratiba

MUITO PRAZER...GUARATIBA!


A História se projeta numa verdadeira cadeia entre o passado, presente e futuro. Sem este encadeamento os fatos não teriam razão de ser das manifestações públicas e solenidades em homenagens a vultos passados e às hermas que se levantam para marcar a presença numa comunidade.


A presença dos fatos é presença viva do homem no seu seio comunitário ativo. E é interessante observamos que não se trata somente de um acontecimento isolado, mas de alguma coisa a mais; uma força de ação, de idéias, por força mesmo de algo que impulsiona um orgulho se esse acontecimento marcou de maneira especial um lugar, um povoado, uma municipalidade, um estado, uma nação. É nesse sentido que quando uma municipalidade vê, reconhece e se intera da importância desses fatos na sua vida, se perpetuando, aí sim, cria no seio desta mesma comunidade um orgulho. E esse orgulho se enraíza de tal forma que fazemos questão de “brigar” para que ele não passe a outras mãos. Criou-se portanto, um monopólio intransferível.


Descoberto o Brasil, oficialmente, em 22 de abril 1500 por Pedro Álvares Cabral, os “povoados”dessa imensa porção de terra, hoje ainda não totalmente conquistada, os rincões foram sendo desbravados, paulatinamente, dos litorais às embrionárias matas interioranas. Surge, então, após treze anos da fundação da cidade do Rio de Janeiro, uma nova conquista que marcaria a passagem de ilustres guerreiros portugueses: A Freguesia de GUARATIBA. Sua história tem uma importância fundamental no desenvolvimento infra-estrutural do primeiro reinado.



Pelos relatos históricos dos mais importantes historiadores e demais dados registrados no arquivo nacional, Guaratiba sempre assumiu um lugar de destaque. Noronha Santos afirma que “...um dos melhores lugares da vasta freguesia é o arraial da pedra, situado na PEDRA DE GUARATIBA (enseada vasta e com regular ancoradouro”, já pela sua população, já pelo seu comércio “exportava a freguesia outrora pelos portos de sepetiba, guaratiba e senambetiba”. Contando com essa facilidade fluvial guaratiba, através de sua mão-de-obra escrava e barata, suas várias indústrias de anil , engenhos de açúcar, extração do pau-brasil entre outras qualidades de madeiras, sua lavoura e criação de gado podia manter um comércio aberto e sempre contínuo para suprir principalmente o centro do Rio de Janeiro. Nessa época era uma das freguesias mais prósperas, tendo em sua rede de ensino público sete escolas subvencionadas e doze subsidiadas pela municipalidade. Daí, portanto, entender porque de guaratiba surgiram estadistas e homens públicos de grande prestígio nacional. E foi essa freguesia que tanto interesse despertou a Manoel Veloso Espinha, seu fundador e povoador.

As maiores e ilustres personalidades de conquistadores tiveram passagem confirmada em guaratiba, especialmente em pedra de guaratiba, não pelos nomes de suas pequenas ruas como nos relatam os maiores historiadores. Estes ocuparam espaços em suas obras para demonstrar a importância de guaratiba como ponto de partida a todos os seus municípios e limítrofes. Sua conquista deveu-se a Manoel Veloso Espinha Aportou na Baía de Guanabara em companhia de Estácio de Sá, cujo convite lhe fora feito por Mem de Sá, em 1563, para que se empreendesse na luta contra os franceses e tamoios, homem de espírito conquistador e obediente “ a Deus e ao seu capitão”, aqui chegou com sua mulher, filhos, suas gentes( escravos e homens de ordem), sua própria nau, custeando todas as despesas necessárias. Não temeu os perigos e as dificuldades, já ciente diante de uma terra cujo domínio estava sendo disputado por outros povos. Ancorou sua embarcação à espera de Mem de Sá e do qual receberia instruções. Tão logo foram-lhe ditadas as ordens, parte para a conquista e fundação da cidade velha, na cara do cão, em 20 de janeiro de 1567. Vários e acirrados combates foram travados com os tamoios e a frente francesa para expulsá-los, para logo depois auxiliar Estácio de Sá na conquista do município de Cabo Frio, onde foi obrigado a desbaratar os intrusos colonizadores franceses.


A vida de Manoel Veloso Espinha foi sempre marcada por bravuras e vitórias de conquistas. Homem inquieto e de profunda coragem ante os perigos, além de sua larga experiência de luta. Daí, a confiança ilimitada que a coroa portuguesa lhe prestava.

GUARATIBA teve o prestígio de ser fundada por esse homem nobre e de rara fortuna. Dotado de acuidoso espírito empreendedor e administrativo deu estrutura a esta freguesia. “GUARATIBA FOI UMA DAS MAIS RICAS E PRÓSPERAS FREGUESIAS DA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO” - escrevia Noronha Santos.


Esta freguesia, em 05 de março de 1579, foi doada a Manoel Veloso Espinha pela coroa portuguesa, aqui representada, onde criou o seu domicílio. Velho, cansado e em companhia de Jerônima Cubas, sua mulher e filha de Braz Cubas, de seus filhos Jerônimo Veloso Cubas e Manoel Veloso Espinha Filho, ambos casados Beatriz Álvares Gaga e Isabel de Bitencourt, respectivamente, ali permaneceu até a morte. Situava esta região na costa firme do norte da ilha de nome marambaia, conforme documento de posse de 05 de março de 1579, por ordem expressa do loco-tenente Jerônimo Leitão da capitania de São Vicente, por solicitação feita de Manoel Veloso Espinha.


A porção de terras devolutas doadas compreendia três léguas de comprimento ao longo da costa, passando da Barra do rio (hoje rio Guandu) até ao longo da praia na parte leste e seis léguas para o sertão, pertencendo-lhe ainda a ilha que se situava entre mangaratiba e Itinga, de nome Aratucoachima. Tudo que se encontrasse nesta demarcação só ao velho Manoel Veloso Espinha, competia total autonomia de competência e mando, que, posteriormente foi herdada por seus filhos.



No artigo anterior tivemos a ocasião de deixar claro dois pontos principais do início da história de GUARATIBA : 1º - Foi uma das primeiras freguesias a ser fundada, após a fundação da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, dada a sua situação litorânea privilegiada; 2º - Porque também o seu terreno fértil contribuiria para o amplo desenvolvimento do primeiro reinado, a tal ponto que todo o abastecimento central de açúcar era produzido em GUARATIBA.


Assim como todo “povoado” tende a prosperar, a freguesia de GUARATIBA, após a morte do seu fundador, Manoel Veloso Espinha, sua história teve continuidade, através dos seus legítimos herdeiros: Jerônimo Veloso Cubas e Manoel Veloso Espinha Filho. A administração desta freguesia cabia somente a eles. Contudo, as dificuldades da época para suprir todas as necessidades da freguesia eram grandes. A exploração, por exemplo, dos seus recursos naturais necessitava de melhor transporte, maior número de mão-de-obra escrava, principalmente, e descentralização administrativa confiável. Sem esses recursos, toda essa porção de terra ficaria à mercê de aventureiros exploradores.


Após a, portanto, à morte de Manoel Veloso Espinha, e devido àquelas dificuldades naturais, o consenso amigável entre os dois irmãos foi o de repartir esta vasta área, onde a cada um coubesse uma parte, e se desfizesse de outras que lhes trouxesse lucros em dinheiro. Em contato com os padres jesuítas e por causa de todas as despesas que havia sobrecarregado o velho Veloso Espinha, tornava-se necessário uma parte àquela companhia de Jesus. Deu-se, então, em 1616, a transação comercial de compra e venda, pela importância de 60.000 (sessenta mil réis) – “... em patacas e moedas de quatro vinténs” – moeda corrente do reino de Portugal.


Com esta importância tanto Jerônimo como seu irmão Manoel viam suprida parte do dinheiro gasto pelo pai durante todo o tempo em que manteve sozinho as despesas com a Freguesia de GUARATIBA. Por outro lado, também, teriam novos recursos para importar 20 (vinte) escravos e escravas negras da Guiné, incluindo4 (quatro) crioulos, 1 (uma) cavalgadura, entre machos e fêmeas, 80 (oitenta) cabeças de gado”vacum” fêmeas para reprodução e suprimento de leite. Grande parte, portanto, de suas necessidades estava de imediato sanada. O novo passo seria a divisão da terra restante entre os dois irmãos. Tomaram, então, como marco divisório o rio TAMANDUATEY na seguinte proporção: Jerônimo, o mais velho, ficaria com a parte norte, sendo que a parte leste, em direção a Barra de Guaratiba, caberia ao seu irmão Manoel.

Esta divisão, tiveram caráter de fundamental importância para um novo comércio que viria a surgir nesta Freguesia de GUARATIBA. Sem dúvida alguma, foi a partir do ano de 1628 que a “pesca” começou em GUARATIBA, não havia naquela época. Foi, então, que começaram a explorar o rio TAMANDUATEY com suas canoas. Mas havia uma certa disciplina; tanto Jerônimo quanto seu irmão revesavam-se nesta exploração, desde que ambos fossem avisados com antecedência do dia e hora.

Aos poucos a Freguesia de GUARATIBA foi-se tornando menor, isto é, diminuindo seu poder de áreas de terra. A venda aos jesuítas imenso benefício trouxe devido ao dinheiro arrecadado. A divisão entre os irmãos contribuiu ainda mais o desenvolvimento de cada área e ofereceu melhores condições de trabalho. E o progresso de GUARATIBA estava assim mais facilitado. E aos poucos foram acrescentadas outras providências, melhorando mais o desenvolvimentosócio-econômico-religioso do local. Por outro lado, compreendendo o espírito religioso da época, Jerônimo, casado com Beatriz, e não tendo herdeiro, resolveu doar a metade de sua posse à província Carmelita Fluminense (os frades do carmo) para que construísse uma Hermida em louvor à N. S. do Desterro (atual igreja de Nossa Senhora do Desterro, na Pedra de Guaratiba) para ofícios e atos litúrgicos, e onde seus corpos deveriam ser enterrados. E, a exemplo do irmão, Manoel, casado com Isabel e com herdeiros legítimos, mandou que se construísse também uma igreja em louvor ao padroeiro São Salvador do Mundo, na Barra de Guaratiba, em 1676, no mesmo local onde hoje se encontra a atual igreja de Nossa Senhora das Dores.



Estamos aos poucos perpassando por toda a história de GUARATIBA, como se estivéssemos dando um vôo em nosso passado distante, tão cheio de aventuras. Passo a passo estamos, de maneira tão singular, trazendo de volta nossas origens históricas quase tão antiga quanto à idade do nosso imenso Brasil. Estamos fazendo falar os acontecimentos e despertando do sono o orgulho de sermos jovens “guaratibanos”. Continuemos em nossa escalada, dando asas à nossa imaginação para que desfrutemos das virações deste vento sul que nos anima.


Quando nos referimos no artigo anterior, logo no início, dos açucares de GUARATIBA, é porque estávamos preparando nossos leitores a nos acompanhar aos vários “Engenhos” existentes na Freguesia de GUARATIBA.


Com a divisão de terras de GUARATIBA sentia seu próprio desenvolvimento. Dada à fertilidade do seu solo, sua rede fluvial, sua mão-de-obra escrava cada vez mais numerosa, sua população crescente, sua rede de escolas, suas igrejas e a catequese pelos padres carmelitas e jesuítas, o progresso da cultura canavieira e, posteriormente, cafeeira fez-se sentir num novo impulso à exportação além de sua fronteira. Inicialmente, o Distrito de GUARATIBA contava com dezenas de “Engenhos”. Destacamos, porém, 4(quatro) dos mais importantes: 1° - O Engenho de D. Isabel de Bittencourt, nora de Manoel Veloso Espinha, localizado na Barra de Guaratiba; 2° - O Engenho de Luiz Vieira Mendanha, parente próximo da mesma família, no mesmo lugar da atual Fazenda Modelo de GUARATIBA; 3° - O Engenho de Belchior da Fonseca, neto do fundador de GUARATIBA, localizado em Santo Antônio da Bica; 4° - O Engenho dos religiosos do Carmo, situado na Fazenda da Pedra (junto a atual pedreira do Catruz, onde existia uma pequena igreja que fora construída pelo frade Franciscano Santa Maria Quintanilha, no ano de 1730. Lembramos até existência de uma oficina de manutenção de peças de engenhos adjacentes, inclusive um noviciado dos padres religiosos do Carmo; ainda hoje podemos encontrar ruínas e destroços daquelas construções).


Toda a produção de açúcar destes engenhos era evacuada pelo rio TAMANDUATEY (hoje rio Piraquê) e pelo rio portinho (na Barra) e seu afluentes, até a praia; daí, toda a carga era transportada por via marítima até a Praça XV de Novembro, no centro da cidade.

A Produção da cana-de-açúcar nos engenhos de GUARATIBA crescia vertiginosamente. Mas a burocracia interna das repartições públicas atrapalhava em grande parte o fluxo das encomendas, porque somente, e através da autorização expressa de sua Majestade, é que era possível a liberação de despachos alfandegários para a entrada e saída de embarcações provenientes de GUARATIBA. Por fim, a Câmara agiu como o nosso atual Ministro da Desburocratização; em 1731, o escrivão do senado da câmara conseguiu de sua Majestade concenssão das autorizações pelo governador da cidade. Assim, os serviços puderam ser agilizados sem prejuízo de tempo e demora das embarcações no cais na Praça XV de Novembro.


Muitos outros engenhos menores concorriam nesse comércio. Podemos citar o do Sr. Fradique , de Gaspar, de João Ayres de Aguirre, de Gaspar de Azedias Machado e muitos outros. Estes engenhos, dada a sua localização, pequena mão-de-obra escrava e menor suporte financeiro tinham suas naturais dificuldades de transportar seus produtos por via marítima. Outro impecílio era porque outras fazendas não concediam licença pelos seus territórios. Dona Ana de Sá Freire, por exemplo, possuidora de engenhos afortunados, foi incitada pela justiça da Câmara a ceder passagem a outros canavieiros pelo território.

Mas não só do açúcar a Freguesia de GUARATIBA vivia, mas também de Aguardente. Isso foi possível depois que o transporte começou a ser feito por via terrestre, através de animais de carroça moveis. Grande quantidade, portanto, de Aguardente começou a ser produzida nos engenhos de GUARATIBA e era transportada para a grande cidade, através de “caixas” e “pipas”, como hoje.

Enquanto a agricultura da cana-de-açúcar prosperava, novas experiências de plantio começavam a surgir e um novo comércio inflamava a espectativa dos donos de fazenda: a agricultura do café. Contando já com um novo transporte a euforia foi ainda maior porque, colocado no mercado da grande cidade, a experiência dos grandes produtores demonstrou que o produto estava rendendoótimas divisas. No século passado, por exemplo, só da fazenda de Rodrigues Chaves, em Mato Alto, foram transportadas 50 (cinqüenta) arrobas – 750 kg de café pela importância de 4.000 (quatro mil réis). Aliás, a título de curiosidade, a fazenda do Sr. Manoel Gomes Archer, em Cachamorra, não somente exportava açúcar, aguardente e café como também cultivava grande variedade e espécie de plantas ornamentais e florestais. E para nossa maior surpresa foi ele indicado, por moção do Ministro do Império, a fornecer 76.000 mudas de árvores para reflorestar as matas da Tijuca (hoje floresta da Tijuca).

As grandes causas da vida partem, muitas das vezes do fato de sabermos observá-las. Para muitos a luminosidade nasce da necessidade que algumas pessoas têm pela contínua necessidade de penetrar nas sensações íntimas das coisas. Não deixa de ser uma curiosidade. Daí, nascem os poetas, os filósofos, os artistas e, também, os historiadores.



Merecedor de nossa estima, o Sr. Rivadavia Manoel Pinto, seu nome verdadeiro, e,antes de mais nada, um homem simples. Casado, aposentado, morador de GUARATIBA há 72 anos, há 5 anos pesquisa os fatos de sua terra. Hoje mais do que ninguém conhece GUARATIBA. Ao final desse tempo dão-lhe o mérito de maior conhecedor da história de GUARATIBA. Simples , objetivo e seguro do que diz, é possuidor de uma fantástica memória e capaz de nos alegrar com páginas de Humberto de Campos, Castro Alves e do anedotário político contemporâneo. Possui um vasto material e documentos raríssimos que pesquisa. E é pela primeira vez que sai do seu anonimato.


Repórter _ Sr.Rivadávia, ou melhor, Sr.Riva, já que nos deu a liberdade, o Sr. Nos causou uma ótima impressão.

Riva _ Mas, por quê? Afinal sou um simples guaratibano. Sou filho de gente simples. Eu sou um pescador também.

Repórter _ Achávamos que o trabalho de um historiador era próprio de um homem sisudo, muito sério. Temíamos um pouco por isso.

Riva _ A história nos ensina a viver. E a viver com alegria! Vocês não podem imaginar o quanto de pitoresco existe nos fatos, às vezes deixo-me levar pelas “fofocas” históricas. É... Elas existem. Chego a conclusão de que a história do homem é sempre a mesma. Se as mulheres adoram falar, aos homens cabe tirar proveito disso. Se Cristo não tivesse conhecimento desse lado psicológico, talvez não teria dito primeiro a elas que tinha ressucitado. Elas logo espalharam a notícia. Não é verdade? Vocês, ficam então me devendo o passado. Está ok?

Repórter _ Por falar em passado, Sr.Riva, Guaratiba está fazendo 404 anos. Isso tem alguma importância para o Sr.?

Riva _ Naquele tempo eu ainda não era nascido, mas tenho certeza de que foi no dia 05 de março de 1579. Eu me orgulho de ser guaratibano. GUARATIBA é minha pátria-mãe. Afinal de contas é uma das filhas mais velhas desse imenso Brasil. Há cinco anos estou empenhado nesta busca de conhecer minhas origens. Nos artigos publicados neste jornal, ZONA OESTE, ficamos sabendo quem foi seu fundador. Ele era amigo do Padre Anchieta e do Padre Nóbrega. Todas as personagens de GUARATIBA começaram a ser meus parentes próximos também. GUARATIBA tem dimensões históricas importantíssimas. A história de GUARATIBA daria para ficarmos muitas e muitas noites, para termos idéia de sua importância no panorama da história do Brasil.


Eu já caminhei bastante. Busquei desde a fundação do Rio, sem falar no Descobrimento. Fui de encontro de Mem de Sá, Estácio de Sá, Anchieta, Nóbrega, Veloso Espinha, Francisco Velho, as famílias de Rangel Coutinho e Barroso de GUARATIBA. Fui bater na praia de Uruçumirim(Flamengo), Santa Cruz,Campo Grande, etc. Teria muita coisa para dizer, mas o tempo de vocês é curto.


Repórter _ O Sr. Teve algum incentivo? Onde o Sr.conseguiu todo esse conhecimento?

Riva _ Minha falecida mãe dizia que “de grão em grão a galinha enche o papo”. Pois é; isso é velho, como todos vocês sabem. Mas foi o meu caso. Fui pisando de mansinho.



O Arquivo do antigo Distrito Federal foi o meu primeiro acampamento. Na Divisão Patrimônio Histórico Estadual conheci uma pessoa da qual guardo a mais profunda gratidão. O Prof. Trajano Quinhões é meu aqmigo e companheiro de todas as jornadas históricas. Conjulgamos sempre o mesmo interesse por GUARATIBA. Muito me incentivou. Alas, é um “expert”nesse assunto. Ele foi o pai mais novo desse velho Riva que está diante de vocês. Arquivo Nacional, Bibliotecas, Entrevistas, etc, etc, me orgulho de possuir todo o material necessário sobre esse assunto.

Riva _ Oh, não...! Falo com toda a segurança que não há. Há uma conclusão lógica desta minha negação; toda descoberta deu-se primeiro nas áreas litorâneas. Os senhores podem concluir o resto, muito embora, também, que não existe em nenhum lugar por min pesquisado, das datas da fundação desses “povoados”. Há dúvidas, inclusive, se foi o ouvidor Cristóvão Monteiro ou a sua viúva Marqueza Ferreira, que foram posteriores a Manoel Veloso Espinha.


Apesar dos historiadores divergirem, nós encontramos, em outros mais categorizados, aquelas mesmas conclusões. Vocês sabem, naquela época não existiam os helicópteros. O negócio era a cavalo ou a pé mesmo. Os sertões foram desbravados após o reconhecimento dos litorais.

Rivadávia Pinto


Artigo publicado, por solicitação, no
Jornal “ZONA OESTE” ­– Campo Grande,
Em 24/03/83 – Edição 371.